segunda-feira, outubro 31, 2011

LÁPIDE
 
Esse lugar fechado.
Cubículo sem janela.
Pequena grade no alto,
muito alto.
 
Essa latrina,
esse buraco.
Cheiro de fezes,
cheio de esgoto.
 
Essa cama,
essa lápide.
Gelada e rígida,
feito a morte.
 
E as paredes
que de pedra
me cercam,
são mundos...
submundos.
 
Não há saída.
Não para fora.
Há saídas para dentro,
inconscientemente
contar o tempo.
 
Um para sempre
já sabido.
Enquanto houver vida
nesse decrépito corpo.
 
Um dia após o outro.
 
(Janaína da Cunha Soares/Hyanna – 10/06/2009)
POSSO QUERER
 
Quero evaporar de sua face
num dia de sol...
transformar-me em molécula livre
em pleno ar. E depois ser nuvem...
cair feito chuva molhando a terra.
 
Quero umedecer as asas da joaninha,
escorrer nas folhas da parreira
e gotejar em seu vistoso fruto.
 
Quero tornar-me arco-íris...
Atiçar as borboletas e fazer
os pássaros gorjearem mediante o chuvisco
com seu aroma peculiar.
 
Quero um pouco de vento pra temperar,
mas nada além de um pouco...
o suficiente para desalinhar seus cabelos.
 
Quero um cavalo galopando
em meio aos campos de trigo...
e o som das cigarras por toda parte.
 
Lá longe um casebre e um garotinho,
de camisa branca e suspensório,
carregando ao colo um enorme gato amarelo.
Quero ser aquele sorriso infantil
e vê-la sentada à porta apreciando
tão sublime instante da Natureza.
 
(Janaína da Cunha Soares/Hyanna – 17/10/2011)

sexta-feira, outubro 28, 2011

Hoje me senti fraco
Como se não suportasse mais essa realidade
A solidão batendo em minha porta
Querendo definitivamente entrar

Sinto minha alma em pedaços
Como se algo estivesse errado
Tudo perdeu o sentido
E me vejo imerso em escuridão

Mas talvez alguém se lembre de mim
Num momento que esteja livre
Mesmo que seja somente por uma fração de segundo
Mesmo que seja só uma pontinha de luz...

André Luiz Costa de Carvalho - 28/10/2011
Flor do campo,
Cujo sorriso derrete as mais vastas geleiras
E o olhar atrai como terra rara
Como um campo irresistível...

Sua beleza não é só vista pelos olhos
Mas vai além
Adentra o corpo, até o coração...
Pois só ele é capaz de realmente entendê-la


Sua delicadeza é como mel
Escorrendo pela boca
E o seu nome, sabiamente escolhido
Realmente descreve sua dona...


Pena que esteja tão longe
Em outro mundo, outra realidade
Só te observo ao longe
Apreciando sua luz...


André Luiz Costa de Carvalho - 28/10/2011

(Para Bárbara Flor)

quarta-feira, outubro 12, 2011

Cheguei sem forças, carregado
Pedi ao elemento que traz a vida que me equilibrasse
Ela respondeu, me tocando vagarosamente
Envolvendo todo meu corpo


Depois, sentei-me ao jardim
Senti a energia vindo do fogo superior me tocar
Seu calor adentrando meu corpo
Recarregando as energias faltosas...

Tive companhia do vento
Sempre alegre, comunicativo
Sempre dizendo "Não se preocupe, as coisas são assim"
Protegendo um filho de seu próprio ventre

Toquei a terra, com minhas mãos e pés
E deixei que ela me purificasse
Recebesse todo o meu negativo no seu vasto tamanho
E me permitisse ter mais um dia sublime...

André Luiz Costa de Carvalho - 12/10/2011

quarta-feira, outubro 05, 2011

Verdadeira Paixão

Enquanto reflito sobre o mundo
Incertezas nascem, lentamente
Dinamitando o que construí em uma vida
Ignorando meus anseios
Subjugando meus princípios

Desculpe pelo meu jeito desajeitado
Eu só queria te deixar confortável
Não se preocupe, não tenho pressa...
Prefiro não ser tão incisivo, direto
Quero realmente conhecer o seu mundo
E ter algo a te oferecer do meu

Eu só queria ter algo real
Que fosse realmente verdadeiro
Enquanto tenho certeza disso
Enquanto ainda sou um eco de voz...

André Luiz Costa de Carvalho - 05/10/2011