domingo, agosto 12, 2012

FOME

Um buraco negro,
um terremoto por dentro,
um poço sem fundo,
um oco, um eco.

Uma sensação
de maresia,
um cansaço,
uma anestesia.

Um grito,
um lamento,
uma lágrima,
um tormento.

E a morte
sempre
a rondar...
displicentemente.

(Janaína da Cunha Soares/Hyanna – 13/06/09)
BÊBADO

Passo trôpego,
torpor de água ardente.
Caminhar vacilante
e alma errante.

Sozinho sempre
e sempre só.
De fazer dó!

Segue costurando
as ruas de sempre,
as esquinas amigas,
e a cabeça girando...

Decrépito e dolorido,
decadente e humilhado,
adormecendo a dor da alma
e confundindo os sentidos.

Vivendo para não morrer...
morrendo covardemente,
lentamente, aos poucos...
     
(Janaína da Cunha Soares/Hyanna – sem data)
POR UM INSTANTE

A vela se consome:
chama tortuosa
e morna.

E vai se transmutando,
abandonando a forma
sabida e prevista.

Escorre feito lava
e molda a escarpa
que conduz ao poço,
ao fim...
onde resta uma "coisa"
amorfa e fria,
e nela incrustado está:
o pavio...
cúmplice encarcerado
de tudo.    


(Janaína da Cunha Soares/Hyanna – sem data)

sábado, agosto 04, 2012

O problema deve ser meu
De não conseguir satisfazer minhas próprias metas
de tentar ser alguém que realmente não sou
De exigir mais de mim que eu posso dar

Conquistas sem valor
Prêmios sem sentido
Sem conforto, nem esclarecimento
Só dúvidas

Ser especial em um mundo de especiais
É ser ordinário, trivial
É conviver com uma tristeza sem porquê
É não encontrar nenhuma resposta

Continuar vivendo uma ilusão tentando torná-la verdade
Ou aceitar essa realidade
Por mais asquerosa que ela pareça ser?

André Luiz Costa de Carvalho - 04/08/2012