sexta-feira, setembro 30, 2011

A alegria do homem simples

O homem simples não precisa de metáforas
Pois sente o mundo agindo diretamente sobre si
Não precisa encontrar sentido
Nem nas coisas, nem nas pessoas
Só segue sua vida
Caminhando sempre pra frente

Não é letrado, nem científico
Mas conhece os segredos dos elementos e da natureza
Pois lhes dá o respeito que merecem

Não acumula responsabilidades
Só se preocupa em viver
Não se prende a nada, nem a ninguém
Enxerga muito bem o mais simples
E apenas considera que faz parte dele...

André Luiz Costa de Carvalho - 30/09/2011

terça-feira, setembro 27, 2011

Morena

Queria lhe dar um beijo
Mas não daqueles descartáveis
Mas sim o que lhe invade o corpo
Rasgando a carne
Destruindo qualquer parede ou escudo
Que não me permita entrar

Mas você não me permite tocá-la nem com a minha sombra
Mal ouve a minha voz
Se comporta como se ela fosse inteligível

Nada posso fazer, só depende de você
Visualizar algo além de seus ombros e olhos
Se permitir sentir novas emoções
E escolher receber meu calor...

André Luiz Costa de Carvalho - 27/09/2011

(Para Ana Raquel)

domingo, setembro 18, 2011

Amor Impuro

Nos olhamos, de forma arrebatada, irresistível
Numa forma imediata de paixão
Te abraço, te aperto ao máximo
Meu beijo te penetra, chegando ao seu interior
Extraio sua alma através dos seus olhos

Seu coração palpita, cada vez mais rápido
A eletricidade do seu organismo se perde
O cérebro desnorteia-se
A semântica desaparece

Você viaja para outros mundos, outras dimensões
A respiração pesada, a visão escura
Até que uma explosão acontece
Você vê luzes, estrelas

Sua velocidade cai, seu sorriso aparece
Seu corpo goteja, exalando um cheiro de prazer
Mundos e Deuses são criados, espíritos renascem
Medos somem, felicidades são atingidas
E mais uma noite termina sem nenhum entendimento...

André Luiz Costa de Carvalho - 16/09/2011

terça-feira, setembro 13, 2011

Pergunto ao vento qual a resposta
E ele me diz que é muito cedo
Que estou começando errado
Que o problema sempre está na forma

Na forma de ser, de amar
De achar quem realmente merece
De sentir, de estar
De externar realmente o que interessa

De viver com dor, ou simplesmente ignorá-la
Ou de tratar a paixão como uma qualquer
Talvez simplesmente por sempre relembrar
Aqueles momentos tão especiais que tivemos...


André Luiz Costa de Carvalho - 13/09/2011
Canção de mim mesmo
1
"Eu celebro o eu, num canto de mim mesmo,
E aquilo que eu presumir também presumirás,
Pois cada átomo que há em mim igualmente habita em ti.

Descanso e convido a minha alma,
Deito-me e descanso tranquilamente, observando uma haste da
[relva de verão.

Minha língua, todo átomo do meu sangue formado deste solo, deste ar,
Nascido aqui de pais nascidos aqui de pais o mesmo e seus pais
[também o mesmo,
E agora com trinta e sete anos de idade, com saúde perfeita, dou
[início,
Com a esperança de não cessar até morrer.

Crenças e escolas quedam-se dormentes,
Retraindo-se por hora na suficiência do que são, mas nunca esquecidas,
Eu me refugio pelo bem e pelo mal, eu permito que se fale em
[qualquer casualidade,
A natureza sem estorvo, com energia original."

37
"Vós molengões que estais de guarda! Atentai para vossas armas!
As multidões estão nos portões conquistados! Estou possesso!
Incorporo todas as presenças foras da lei ou sofredoras,
Vejo-me na prisão na forma de um outro homem,
E sinto a dor entorpecida e ininterrupta.

Por mim os guardiões dos condenados carregam nos ombros as
[suas carabinas e ficam vigiando,
Permitem que eu saia de manhã e me prendem à noite.

Não há um só amotinado caminhando algemado para a cadeia sem
[que eu esteja algemado a ele e caminhando ao seu lado
(Eu não sou o entusiasmado que vai ali, sou, sim, o silencioso com 
[suor em meus lábios retorcidos.)

Nenhum jovem é pego por furto sem que eu seja  preso junto dele, e
[com ele sou julgado e sentenciado.

Nenhum paciente com cólera dá seu último suspiro sem que eu
[também dê meu último suspiro,
Meu rosto tem a cor das cinzas, meus tendões se retorcem, as
[pessoas se retraem à vista de mim.
Pedintes se incorporam em mim e eu incorporo neles,
Estendo meu chapéu, sento com rosto envergonhado e esmolo."

40
"Ostentação do brilho do sol, não preciso do seu calor - relaxa!
Iluminas apenas a superfície, eu forço as superfícies e as profundezas
[igualmente.

Terra! Pareces procurar algo em minhas mãos,
Dize, velho elevado, o que desejas?

Homem ou mulher, eu gostaria de dizer o quanto gosto de ti, mas
[não posso,
E talvez dizer-te o que há em mim e o que há em ti, mas não posso,
E talvez dizer-te que anseios eu tenho, aquele pulso de meus dias e
[noites.

Atenção, não dou palestras nem faço um pouco de caridade,
Quando dou algo, dou-me por inteiro.

Tu que estás aí, impotente, de pernas bambas,
Abre o lenço que cobre a tua boca até que sopre coragem pra
[dentro de ti,
Abre as palmas de tuas mãos e ergue as abas de teus bolsos.
Não posso ser rejeitado, posso compelir-te, tenho abundância de
[depósitos, tenho-os de sobra,
E tudo que tenho eu ofereço.

Não pergunto quem és, isso não importa pra mim,
Nada podes fazer, nem podes ser alguma coisa diferente do que eu
[te moldar.

Ao escravo dos campos de algodão ou aos limpadores de latrina me
[inclino,
Em sua face direita deixo o meu beijo familiar,
E em minha alma juro que nunca o negarei.

Em mulheres prontas para a concepção, gero bebês maiores e mais
[ágeis,
(Hoje estou atirando a essência de repúblicas muito mais arrogantes.)

A qualquer um que esteja morrendo, corro para alcançá-lo e viro a
[maçaneta da porta,
Viro os lençóis na direção do pé da cama,
Permito ao médico e ao padre que voltem para casa.

Pego o homem que cai e levanto-o com vontade irresistível,
Ó desesperado, aqui está o meu pescoço,
Por Deus, não podes cair! Solta todo seu peso sobre mim.
Eu te dilato com um sopro tremendo, te faço boiar,
Todos os quartos da casa sinto com uma força armada,
Amantes de mim, estorvos dos túmulos.

Dorme - eu e eles vigiaremos a noite inteira,
Nem dúvida, nem doença ousarão colocar um dedo sobre ti,
Eu te abracei, e daqui em diante eu te possuo.
E quando te levantares pela manhã, saberás que o que te digo é
[verdade."

Walt Witman - Folhas de Relva

segunda-feira, setembro 05, 2011

E assim, mais um fragmento cai do meu coração
Não algo inesperado, carente de sentido
Mas de um sentimento de terceiro
Ou simplesmente a falta dele

Quem sou eu pra manipular a vida
Ou controlar quem dentro dela se encontra
Mas as lágrimas me abandonam
Acredito que já começam a faltar


É vida, você continua a me açoitar
E também me ensinar
Por mais que pense que não fui afetado
Algo dentro de mim diz o contrário...

Mais uma tentativa em vão
Como todas, fulgás
Só não paro de me perguntar
Quando tempo ainda devo esperar?

André Luiz Costa de Carvalho - 05/09/2011

domingo, setembro 04, 2011

Às vezes, gostaria de ser superficial
Viver só por mim, não dar a mínima pro externo
Facilitar as relações e sentimentos
Viver sempre o hoje, sem se importar com mais nada...

Mas fui feito com um material diferente
Um raro, estranho
Que não permite um comportamento tão egoísta
Nem ferir os que vivem em volta

Antes eu pensava que era muito ruim
Ter tanto amor a dar, e praticamente não receber
Ser compreensivo, acolhedor
Mas nunca encontrar um abrigo amigo fora de mim

É, é mesmo impossível querer tudo
Assim como é difícil desintegrar o que sou
Apenas sinto que devo continuar
E esperar a vida me presentear...

André Luiz Costa de Carvalho - 04/09/2011
Discurso do Matt (100 Girls)

"Sem você, sou como um cão
abandonado â beira de uma estrada.

Queria presenteá-la. Embora eu não
saiba quando é seu aniversário.

Podemos passar dias perfeitos
fazendo compras, cozinhando.

Não vou fazer piadinhas...
quando raspar os pneus
no meio-fio ao estacionar.

Se morar comigo, limparei
o banheiro toda semana.
Com a língua, se você pedir.

Vou excluir palavras como
"buzina" do meu vocabulário.

Vou amá-la, mesmo que se chame Mimi
e queira que eu diga May-May.

Expelir gases só sob as cobertas
e nas mais urgentes situações.
Farei uma dieta de colesterol.

E não comprarei um carro esporte
na crise da meia-idade.

Seus pais poderão nos
visitar toda semana.
Mesmo que sua mãe
seja uma bruxa.

Seus pais não precisarão ir para
um asilo. Poderão morar conosco.

Declaro, vou separar a
roupa branca da colorida...
e aprender o mistério da lavagem
com água quente e fria.

Nunca vou bufar enquanto
a espero se maquiar.

Se não tiver qualidades, nunca farei
alarde de qualidades que não possui.

Verei com prazer filmes do
tipo "Orgulho e Preconceito".

Vou experimentar comidas
como sopa de quiabo.

Não vou torcer o nariz para os
legumes cujo horrível gosto...
é disfarçado com queijo.

Prometo dizer sempre "sim" quando
perguntar se seu cabelo está bom.

Vou dar novo significado
â palavra "carinho".

Vou ser atencioso e ler
todo dia seu horóscopo.

Vou guardar todos os seus
cartões de aniversário.

E vou lhe escrever cartas
quando estivermos separados.

Não precisará saber onde deixei as
chaves e não deixarei meias jogadas.

Sempre vou tampar o
tubo de pasta de dente.

Não vou usar cuecas
que cobrem o umbigo.

Assim, ele não vai ficar
com fios de algodão.

Quero beijar seu clitóris.
Será a mais apaixonada
experiência íntima que já teve.

Declaro agora que
darei a vida por você.

E, se não ficar comigo...
uma parte de mim
certamente vai morrer."
"Se você tem um coração grande,
Lembre-se de obter a força necessária pra conseguir suportá-lo."