sexta-feira, outubro 28, 2005

A máquina da libertação


Sinto-me bem. Acredito que posso fazer tudo. Meu corpo está forte, minha mente, mais ainda. Nada pode me deter.
Após passar por aquela experiência, me tornei outro homem: uma ampliação total dos meus sentidos e funções. Não há mais empecilhos e minha vida, que mudou.
Aquela máquina despertou meus desejos mais profundos, e desintegrou todos os obstáculos que não me permitiam realizá-los. Os outros que passaram por essa experiênciatambém sofreram mudanças, mas as consequências não foram semelhantes.
Paulo, o pioneiro na experiência, teve essa expansão de seus sentidos, mas também tinha graves problemas psicológicos. Sentia-se perseguido a todo momento, devido às mudanças que sofreu. Não suportou a situação, e terminou suicidando-se.
Marcelo, o segundo, tinha como grande objetivo, a equiparação da sociedade. Idealista, defendia sempre as classe pobre, mas existia um problema: o medo da sociedade em enfrentar a parcela dominante. Esse medo deixou de existir quando ele passou pelo experimento. Sentiu que poderia guiar o mundo a uma situação melhor, onde todos fossem iguais. Seu carisma era tão grande que acabou sendo eleito Presidente da República, cargo conquistado com muita luta contra os dominadores populares. Ele se tornou um ótimo líder, e com toda certeza fará o possível para defender a sociedade.
João foi terceiro a passar pela experiência. Como os outros, também obteve uma grande melhora, mas ocorreu algo indesejável: Ele, que era uma pessoa violenta e sem escrúpulos, acabou se tornando um assassino frio e calculista, já que não tinha os limites de antigamente. Está foragido e é uma grande ameaça para a sociedade.
Eu fui o ''ultimo a participar da experiência. meu corpo se tornou perfeito, imune a enfermidades; ele ganhou força, destreza e velocidade; a experiência foi benéfica para mim. Eu poderia fazer o que quisesse, mas preferi continuar como estou pois já sou feliz assim. A máquina permitia que os seres evoluíssem seus corpos, e por consequência, suas mentes; mas se o indivíduo não estivesse sadio mentalmente, esse ganho seria em vão. Daí conclui-se que a experiência teve sucesso, mas não poderia ser usada por qualquer indivíduo.
André Luiz Costa de Carvalho
25/04/2005

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